De um ponto de vista conceptual, bem como das ideias e hipóteses que este projecto pretende testar em termos de processos erosivos, verificaram-se grandes avanços na quantificação da predição da erosão. Passou-se na última década da utilização da “Universal Soil Loss Equation” (USLE) para modelos físicos como o LISEM que são espacialmente distribuídos através de um ambiente SIG. Apesar disso, a modelação da erosão dos solos continua a sofrer de uma incerteza considerável, e a influência da calibração nos modelos permanece demasiado óbvia. A incerteza nos resultados dos modelos deriva em parte da natureza não linear dos processos de escorrência bem como dos processos de preparação e transporte dos solos. Por outro lado, existem ainda dificuldades conceptuais e técnicas na medição de variáveis específicas, que aumentam a incerteza através dos erros causados por valores estimados na parametrização, bem como os valores usados na avaliação da performance dos modelos. Apesar do que foi dito, um importante constrangimento na modelação da erosão resulta da falta de informação, quer ao nível da informação para a parametrização, calibração ou avaliação do modelo. As grande bases de dados consolidadas são também importantes para a avaliação dos modelos, já que aferem da robustez do modelo e assim melhoram o seu desempenho em determinados intervalos de confiança. Apesar de a disponibilidade dos dados der um constrangimento importante na modelação da erosão do solo, a pratica habitual nos estudos de erosão no terreno é de efectuar medições durante longos períodos, mas em poucos locais. Além dos elevados custos e de consumirem muito tempo, esta abordagem é particularmente inapropriada para a modelação de ambientes em transformação rápida, como os que sucedem a incêndios florestais, dado que os episódios chuvosos subsequentes usados na calibração não possuirão a necessária comparabilidade.<br>Nesta proposta, as simulações de chuva experimentais (SCE) são apresentadas como uma possibilidade de ultrapassar os constrangimentos de dados e como um método relativamente barato de reunir grandes quantidades de dados em condições distintas. A monitorização adicional de parcelas de diferentes tamanhos pretende assegurar que os SCE são suficientes para representar as condições do mundo real. Espera-se que os dados fornecidos pelas SCE sejam suficientes para a modelação da erosão à escala das pequenas parcelas, e, através de “upscaling”, para a predição de taxas de erosão à escala da vertente. Campanhas repetidas de SCE pretende-se monitorizar a esperada enorme variação temporal dos processos hidrológicos e erosivos a seguir aos incêndios florestais. Vários modelos serão então comparados, e o(s) melhor(es) modelo(s), eventualmente após reformulações, deverá produzir resultados que possibilitem a determinação e cartografia do risco de erosão de vertentes individuais para diferentes cenários de gestão pós incêndio. Espera-se que esta ferramenta contribua no futuro para integrar um sistema de apoio à decisão para a das vertentes após incêndio.