Fitorremediação em áreas de sapal contaminados por mercúrio (POCI/AMB/59311/2004)

Coordenador

Etelvina Maria de Almeida Paula Figueira (Participação de Armando da Costa Duarte, Maria Eduarda Pereira e Teresa Nunes)

Programa

POCI 2010

Datas

01/08/2005 - 31/07/2008

Financiamento para o CESAM

75000 €

Financiamento Total

75000 €

Os sapais encontram-se entre os ecossistemas mais produtivos do mundo, suportando um número elevado de espécies vegetais e animais. Os efeitos adversos da poluição por metais nestes ambientes têm repercussões ao longo da cadeia alimentar de todo o ecossistema. Neste trabalho, propomos o estudo da contaminação de uma área específica do sapal da Ria de Aveiro, o largo do Laranjo, sujeito a uma elevada contaminação por mercúrio. A recuperação do mercúrio das lamas e esgotos industriais é obrigatória por lei, contudo, a descontaminação das áreas e cursos de água que já se encontram poluídos têm sido negligenciada, dado que as técnicas correntes de remediação de mercúrio utilizam processo físico-químicos, extremamente dispendiosos, perturbadores do ambiente e ineficazes. Um sistema de fitorremediação, em que as plantas extraem, sequestram ou desintoxicam o mercúrio dos sedimentos poderá ser uma solução mais atraente. No entanto, esta técnica encontra-se ainda numa fase inicial de desenvolvimento, sendo necessária mais investigação, de modo a melhor compreender os processos inerentes a esta técnica de remediação. Os objectivos do projecto incluem a especiação de Hg nos sedimentos do largo do Laranjo, em termos qualitativos e quantitativos, o que permitirá avaliar os níveis de toxicidade experimentados pelos organismos que colonizam estes sedimentos. As emissões de Hg libertado pelos sedimentos vai fornecer informação acerca dos processos de auto-descontaminação destes ambientes. A identificação da composição florística, em termos qualitativos ou qualitativos, bem como a sucessão sazonal será usada, em conjunto com o trabalho subsequente, para determinar a capacidade de fitorremediação ao longo do tempo e o espaço no sapal. Se as espécies que colonizam cada local evidenciarem diferenças nas produções de biomassa, na acumulação e distribuição de Hg pela planta, então a capacidade de fitoextracção e de acumulação na biomassa da parte aérea também serão diferentes. A quantificação das emissões de Hg da vegetação do sapal que coloniza o local de amostragem do largo do Laranjo poderá dar uma ideia da importância deste mecanismo, mas também do stress nas plantas e dos níveis de mercúrio nos sedimentos que sofreram contaminações. A determinação de vários grupos de péptidos, tióis e ácidos orgânicos, conhecidos mecanismos principais na tolerância aos metais em plantas, vai permitir estimar a sua importância na tolerância aos metais. Uma vez que as plantas do sapal estão adaptadas a este tipo de ambientes, são as candidatas ideais para a fitorremediação nestas áreas. Este conhecimento permitir-nos-á uma melhor compreensão de como, quando e onde as plantas de Sapal se desintoxicaram de Hg, O desenvolvimento de competências com capacidade de intervenção na fitorremediação de ecossistemas contaminados, para estudos de gestão ambiental e do impacto da contaminação por metais em ecossistemas costeiros poderá permanecer para além dos objectivos do projecto.