MURANO – Muros das Marinhas de Sal de Aveiro

Coordenador

Carlos Daniel Borges Coelho

Programa

PTDC/ECM/65589/2006

Datas

01/01/2008 - 30/06/2011

Financiamento para o CESAM

81240 €

Financiamento Total

90000 €

Instituições Participantes

  • Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)

URL / WWW

http://murano.web.ua.pt/index.htm

No século XV existiam cerca de 500 marinhas na Ria de Aveiro. Há cerca de 50 anos, cerca de 270 marinhas produziam sal e no ano de 2006, são apenas 8 as marinhas em exploração. A actividade da recolha do sal encontra se em decadência, existindo muitas marinhas abandonadas. O processo de degradação e abandono das marinhas é acelerado pelas fortes correntes de enchente que penetram no interior da laguna, destruindo os muros de protecção das marinhas (motas) e escavando o fundo dos canais. As motas são pequenos diques rudimentares, construídos pelos agricultores, com baixas cotas de coroamento e constituídos pela consolidação de lodos com pedras e matéria orgânica. A ausência da tradicional manutenção artesanal das motas contribui também para a sua progressiva degradação. Estas motas garantiam a defesa da laguna contra o avanço das águas salgadas e controlavam, com o apoio de comportas, a hidrodinâmica da ria. Actualmente não protegem de forma eficaz os terrenos, devido ao deficiente estado de conservação, à permeabilidade e à reduzida cota de coroamento. Esta situação gera galgamentos de motas, indefinição das secções transversais dos canais da ria e cria enormes reservatórios de água, abastecidos em situação de preia-mar. Pelo descrito, o impacto da destruição das marinhas é significativo na alteração das condições hidrodinâmicas e na morfologia do fundo da laguna, com fortes consequências para as populações ribeirinhas. Alguns proprietários das marinhas intervieram já na tentativa de suster a degradação das motas com a colocação dos mais diversos materiais (enrocamentos de pedra ou entulho, pneus, placas de betão, estacaria em madeira). Os resultados destas intervenções têm sido aparentemente pouco satisfatórios, registando-se em geral assentamentos importantes, além destas soluções resultarem geralmente em impactos negativos sobre um meio com características ambientais a proteger. Assim, pretende-se proceder à caracterização dos sedimentos e das condições hidrodinâmicas e de transporte sedimentar encontrados nas zonas das marinhas da Ria de Aveiro e analisar o comportamento dos muros tradicionais quando expostos às condições hidrodinâmicas existentes. É objectivo deste projecto avaliar as consequências da degradação dos muros na dinâmica do ambiente lagunar e propor novas soluções para a realização dos muros, que sejam amigas do ambiente em que se inserem. Para atingir os objectivos propostos, a metodologia que se pretende seguir passa pela definição de uma área de estudo na ria, que permita realizar os trabalhos de campo numa dimensão compatível com o desenvolvimento do projecto. O trabalho de campo permitirá caracterizar as propriedades sedimentológicas, o regime hidrodinâmico e analisar as soluções existentes para os muros das marinhas. Serão recolhidas amostras de sedimentos para análise em laboratório e definidas as propriedades necessárias à aplicação de formulações para a avaliação do transporte sedimentar. Serão efectuadas medições no campo que permitirão também a calibração de modelos numéricos de hidrodinâmica e de transporte sedimentar. A avaliação das causas de degradação das motas através destes estudos permitirá auxiliar na definição de um modelo de mota que resulte mais económico para o agricultor, eficaz na defesa das marinhas, que possibilite alguma mecanização na sua reconstrução e monitorização e mitigue os principais impactes ambientais negativos.

membros do CESAM no projeto

Paulo A. Silva

Professor Auxiliar