A proliferação na frequência de utilização e aplicações de nanopartículas artificiais (NPs) levarão muito provavelmente, nos próximos anos, a um aumento substancial dos seus níveis no meio ambiente. Todas as NPs, uma vez na biosfera terrestre ou aquática, irão interagir com o biota e, potencialmente, induzir efeitos adversos nos sistemas biológicos, incluindo os seres humanos [1]. As NPs de ouro (GNPs) encontram-se entre as mais utilizadas, estando a ser cada vez mais utilizadas em vários produtos (e.g., tónicos capilares, cosméticos, escovas de dentes, etc.) e aplicações biomédicas (e.g., imagiologia e terapêuticas), devido às suas propriedades físicas que variam com o tamanho [2]. Um dos requisitos básicos para a utilização das GNPs é a sua natureza não tóxica e biocompatibilidade tanto em ambientes in vivo como in vitro. No entanto, investigações recentes (in vitro e in vivo) destacaram sua toxicidade, levantando questões importantes sobre o seu possível impacto sobre a saúde humana e o meio ambiente [2]. Assim, o efeito destas partículas na citotoxicidade celular tornou-se recentemente um assunto de elevado interesse [3]. Têm aumentado as publicações relatando toxicidade das GNPs (e.g., [2, 4], em contraste com outros trabalhos que relatam a
sua inocuidade (e.g., [5]). Diferenças nos lotes de GNPSS utilizados em testes de toxicologia, nas condições experimentais e as numerosas linhas celulares/modelos animais utilizados tornam a comparação dos resultados muito difícil. Apesar da crescente preocupação sobre o potencial impacto negativo das NPS no ambiente, pouco se sabe sobre os seus efeitos nas espécies marinhas e as suas interacções com outros contaminantes ambientais. O projecto NanoAu tem como objectivo aumentar o conhecimento sobre os efeitos das GNPSS para os organismos marinhos, usando a dourada (Sparus aurata), como organismo modelo.