O sector da cortiça é de importância estratégica em Portugal, mas o seu papel na mitigação das alterações climáticas, nomeadamente o balanço de Gases com Efeito de Estufa (GEE) no sector, não é ainda completamente conhecido. Este projeto tem como objetivo preencher esta lacuna no conhecimento através da avaliação da pegada de carbono (C) do sector da cortiça em Portugal, ou seja, as emissões e remoções de GEE em todo o sector da cortiça desde a floresta até ao destino final dos produtos, incluindo o seu processamento industrial. Será adoptada uma análise do ciclo de vida, que permitirá identificar as principais fontes e reservatórios de GEE no sistema e decidir como e onde podem ser promovidas mudanças no sentido de minimizar os impactes. Compreende:
I. O estudo do balanço de C num montado de Quercus suber para produção de cortiça utilizando o método da covariância do fluxo turbulento. Utilizar-se-ão as instalações actualmente existentes numa das regiões mais produtivas do país (Coruche). O trabalho proposto é inovador porque pela primeira vez: 1) será avaliado o efeito do descortiçamento e outras operações de gestão no balanço de carbono; 2) serão gerados dados que permitirão o desenvolvimento de um modelo de base processual; 3) permitirá esclarecer o efeito do clima e da seca nas árvores e na produção de cortiça.
II. Medições ecológicas provenientes da tarefa anterior, serão utilizadas na calibração/validação de um modelo de base processual para o sobreiro. Actualmente em Portugal, não existe este tipo de modelos operacionalizáveis do ponto de vista de previsão do crescimento do sobreiro assim como da produção de cortiça. O objetivo é desenvolver um modelo de base processual que incorpore um módulo de crescimento baseado em processos empíricos, e cujas funções e outputs permitam a tomada de decisões de gestão e avaliação económica tendo em conta os seus impactes ambientais. As simulações serão efectuadas para diferentes tipos de gestão de povoamentos, com o objectivo de avaliar aquela com a menor pegada de C. Serão simulados povoamentos com: 1) diferentes densidades de árvores, 2) a presença/ausência de pastoreio, 3) a utilização de pastagens melhoradas no sub-coberto.
III. Quantificação do balanço de GEE ao longo do ciclo de vida da cortiça, desde a silvicultura e extração da cortiça, passando pelo processamento industrial e até ao destino final dos produtos; contabilização do C acumulado nos produtos de cortiça, quer durante o tempo em que permanecem em uso quer quando são depositados em aterros sanitários.