A contaminação global dos recursos de água com poluentes orgânicos de origem antropogénica é uma realidade bem documentada. Os fármacos constituem um dos grupos de contaminantes ambientais mais relevantes, devido à sua capacidade de exercerem atividade biológica e de afetarem diretamente os ecossistemas em concentrações muito baixas. Estes compostos entram no ambiente maioritariamente devido à inadequação dos tratamentos convencionais aplicados nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs) o que resulta na descarga de efluentes tratados, mas ainda contaminados, para o ambiente. Os tratamentos avançados atualmente disponíveis (tais como ultrafiltração, adsorção a carvões ativados ou processos de oxidação avançados) implicam, no geral, elevados custos de aplicação e, em alguns casos, a formação de sub-produtos tóxicos. Desta forma, para mitigar a entrada contínua de fármacos no ambiente e assim proteger os recursos aquáticos, urge o desenvolvimento de metodologias alternativas que combinem simultaneamente eficiência e baixo custo, permitindo uma aplicação em larga escala como tratamento terciário em ETARs urbanas, hospitalares ou industriais. Neste contexto, este projeto propõe-se a produzir adsorventes alternativos, recorrendo a metodologias sustentáveis e a sub-produtos da indústria da pasta e do papel como matéria-prima, para aplicação no tratamento de efluentes contaminados com fármacos. O objetivo final deste projeto é a produção de um adsorvente com uma relação eficiência/custo competitiva com os carvões ativados comercialmente disponíveis, permitindo a sua aplicação a custos muito mais baixos. Adicionalmente, esta aplicação também permite poupar na gestão dos referidos resíduos industriais assim como apresentar uma nova alternativa para a sua valorização, compatível com as boas práticas de reutilização e otimização de recursos ambientais