No passado dia 17 de Abril o CESAM organizou um evento dedicado a melhorar e dar mais competências de comunicação aos seus membros. O evento THE  PERFECT PITCH IN 5’ durou o dia todo e os participantes ficaram claramente satisfeitos e acharam o evento útil.

A manhã incluiu várias palestras com oradores especialistas que abarcaram temas diversos como dicas de como fazer boas comunicações orais (Miguel Leal da empresa Scite – Science Communication e Joaquim Macedo Sousa da incubadora HIESE), a importância de comunicar para públicos não cientistas (Pedro Farias, SCIRP, Universidade de Aveiro) e algumas dicas de design de modo a ajudar a otimizar as apresentações (Joana Quental, ID+, Universidade de Aveiro). O anfiteatro estava cheio e os presentes saíram de lá mais enriquecidos.

Durante a tarde, houve 3 workshops em paralelo cujo público-alvo eram membros não doutorados do CESAM. Um dos workshops foi dirigido a mestrandos e bolseiros não doutorados do CESAM e foi dinamizado pelas Doutoras Cecília Guerra e Susana Ambrósio do CIDTFF, Universidade de Aveiro. O outro workshop teve como público-alvo os alunos de doutoramento (Doutor Miguel Leal da empresa Scite – Science Communication). Os alunos de doutoramento ainda tiveram a oportunidade de participar num workshop realizado com alunos de doutoramento do Programa Doutoral de Design. Este workshop foi dinamizado pela Prof. Joana Quental, ID+, Universidade de Aveiro e foi uma oportunidade para os alunos do CESAM trabalharem de perto com alunos de Design e terem uma visão diferente do seu trabalho de investigação.

O programa completo e os currículos dos oradores/formadores pode ser obtido aqui.

Nos passados dias 27 e 28 de março, na Guarda, a Unidade de Vida Selvagem do CESAM & Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro fez-se representar por Carlos FonsecaEduardo FerreiraRita Torres e João Carvalho na reunião de abertura do projeto LIFE “Decreasing socio-ecological barriers to connectivity for wolves south of the Douro river”e do projeto financiado pelo Endangered Landscapes Programme Scaling Up Rewilding in Western Iberia”. No encontro de dois dias foram discutidas as principais tarefas destes dois projetos complementares e articulados os esforços de todas as equipas envolvidas. Os trabalhos decorrerão até final de 2023.
A Universidade de Aveiro e as organizações Rewilding Portugal, Associação Transumância e Natureza e Zoo Logical são parceiras nestes dois projetos abrangentes que visam a renaturalização do Grande Vale do Côa e o aumento da conetividade funcional da paisagem para a vida selvagem a sul do rio Douro.
No período de vigência dos projetos pretende-se criar as condições necessárias para impulsionar a biodiversidade, restaurar cadeias tróficas e promover a gestão integrada e sustentável dos recursos naturais. São projetos abrangentes e inclusivos que contemplarão acordos com associações locais de caçadores, agricultores e produtores florestais. As bases científicas e educativas dos projetos serão também os alicerces para a criação de uma nova economia baseada na natureza e nos produtos locais, essencial para a reversão do despovoamento rural.

 

 

programa doutoral Do*Mar – Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar acaba de publicar edital anunciando candidaturas às Universidades de Aveiro, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro. Nove bolsas Do*Mar-FCT estão disponíveis nesta candidatura. Detalhes dos procedimentos de candidatura e de seleção estão disponíveis em http://www.campusdomar-pt-domar.net.

Data limite de candidatura: 20 de maio de 2019.

O projecto AMBIEnCE – Impacto de multi-stressores atmosféricos em sistemas marinhos costeiros em cenário de alterações climáticas (PTDC/CTA-AMB/28582/2017) obteve a recomendação do projecto internacional SOLAS (Surface Ocean – Lower Atmosphere Study), suportado pelo GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research. O projecto SOLAS reúne mais de 2500  investigadores a nível mundial e tem como principal objectivo explorar as interacções biogeoquímicas e físicas entre o eceano e a atmosfera. O projeto AMBIEnCE é um projeto multidisciplinar que pretende avaliar o impacto da deposição de aerossóis orgânicos (OA) atmosféricos na composição molecular e reatividade da matéria orgânica dissolvida (DOM) em diferentes sistemas marinhos costeiros. O AMBIEnCE visa também explorar como as características químicas de OA e DOM afetam a biodisponibilidade dos metais vestigiais em águas do mar. O projecto AMBIEnCE aborda directamente um dos cinco tópicos nucleares do projecto SOLAS, “Deposição atmosférica e biogeoquímica do oceano”. Toda a informação pode ser encontrada aqui.

A newsletter do SOLAS (SOLAS enews) com a divulgação e recomendação do projeto AMBIEnCE pode ser consultada aqui.

Um dos mais recentes e fascinantes desenvolvimentos da Biologia é a perceção da importância do microbioma na saúde humana e animal e na função dos ecossistemas. Em ambientes marinhos, as esponjas têm sido consideradas um dos modelos de eleição para estudar a relação hospedeiro-microbioma. Estes organismos estão entre os animais mais antigos do planeta e são consideradas um dos maiores reservatórios de diversidade microbiana nos oceanos. No entanto, até agora, não era claro até que ponto os microrganismos associados a esponjas ocorriam noutros biótopos, nem qual era a contribuição de outros hospedeiros para a diversidade microbiana nos recifes de coral.
Vários membros do CESAM e dBio, em colaboração com investigadores de diferentes instituições de Taiwan, Tailândia e Holanda, realizaram um extenso e ambicioso estudo com o objetivo de investigar os microbiomas de mais de 200 biótopos em recifes de coral na região do Indo-Pacífico. Utilizando sequenciação em massa de DNA e o cluster de computação ARGUS da Universidade de Aveiro, foram caracterizadas, pela primeira vez, as comunidades microbianas de algas, corais, pepinos-do-mar, ouriços-do-mar, esponjas, nudibrânquios, quítons, platelmintes, água e sedimento. Os investigadores observaram que um grande número de populações microbianas são compartilhadas entre os diferentes biótopos, suportando a hipótese de Baas Becking que “tudo está em todo lugar, mas o ambiente seleciona”. Ao contrário do que se pensava até agora, as esponjas não são os principais biótopos a contribuir para a diversidade microbiana total dos recifes de coral; outros organismos hospedam comunidades procarióticas mais diversas. Afinal, as esponjas são apenas um componente, embora interessante, de uma metacomunidade muito maior.
Além das implicações ecológicas, este estudo mostra que muito do potencial biotecnológico das esponjas, pode também ser inerente a outros organismos de recifes de coral, abrindo assim as portas para novas fontes para prospeção de recursos microbianos.

O artigo original aqui.

23/08/2016

Parceria com vista à recuperação, saúde e ecologia de animais marinhos

A Universidade de Aveiro (UA) e o Oceanário de Lisboa assinaram um acordo de parceria a 19 de agosto, que vigorará por um ano, com possibilidade de renovação, consolidando a colaboração que já existia anteriormente. O documento enquadra a colaboração na área das ciências marinhas aplicadas à reabilitação, saúde e ecologia de animais marinhos a desenvolver pelo Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (CPRAM), unidade integrante do ECOMARE-Laboratório para a Inovação e Sustentabilidade dos Recursos Biológicos Marinhos, sob responsabilidade da UA.

O envolvimento do Oceanário de Lisboa nas atividades do CPRAM vem alargar, de modo muito expressivo, o âmbito das parcerias que tornam possível o ECOMARE e que já envolviam a Sociedade Portuguesa da Vida Selvagem, a Administração do Porto de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo.

O ECOMARE será composto, para além do CPRAM, pelo Centro de Extensão e de Pesquisa Ambiental e Marinha (CEPAM) e por uma biblioteca de organismos vivos – Biblioteca de Invertebrados Marinhos e Simbiontes Microbianos, entre outras valências.

Mais informação em: http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=47466

Todos sabemos que pela altura da Páscoa as lojas enchem-se de ovos de chocolate que fazem as delícias de miúdos e graúdos. O que menos saberão é que o tradicional jogo de procura e o consumo de ovos (da Páscoa) no início da primavera se fica a dever em grande parte à existência dos primeiros ninhos do ano de uma ave limícola!

No norte da Europa, particularmente em Inglaterra, mas também na Escócia e Holanda, a recolha de ovos selvagens de aves limícolas na Páscoa chegou a ser de tal escala que deu origem a um acto do parlamento britânico para a protecção duma espécie (The Lapwing Act 1928), proibindo a venda de ovos de Vanellus vanellus (Abibe) entre 14 de Março e 11 de Agosto. Embora muitas aves migradoras tenham avançado a sua fenologia no que diz respeito às datas de postura das suas ninhadas e a recolha de ovos selvagens é cada vez menos frequente, muitas apresentam actualmente declínios que se ficam a dever a outros motivos. Por exemplo, ao não conseguirem acompanhar os avanços na fenologia dos recursos de que dependem, como os insectos que compõem a dieta de muitas destas aves migradoras.

De facto, as temperaturas cada vez mais quentes que se têm vindo a sentir em anos recentes parecem estar na origem de alterações várias na fenologia de muitas espécies, desde a data de floração das plantas, à eclosão de insectos e os movimentos migratórios de várias aves. Mas poderá a alteração do tempo de ocorrência destes eventos influenciar também processos demográficos e contribuir positiva ou negativamente para o crescimento populacional? Foi justamente esta a questão que uma equipa de investigadores internacionais, lideradas pelo Dr. José Alves (Dep. Biologia e CESAM – Universidade de Aveiro), se propôs desvendar. Para isso seleccionaram uma população de ave limícola que se reproduz no limite norte da sua área de distribuição, a Islândia, onde os efeitos do aquecimento global são mais notórios devido a um fenómeno denominado “amplificação Ártica”.

Os investigadores tiveram primeiro de procurar e encontrar ovos nos ninhos de milherango (Limosa limosa islandica) na Islândia durante vários anos, para assim determinar a variação na fenologia da postura dos ovos em função da temperatura. Este trabalho que teve início em 2001 (numa época particularmente fria na Islândia) começou a dar frutos dez anos mais tarde, em 2011 (nova época fria), tendo continuado até 2013 e cobrindo assim um período em que a temperatura média do ar flutuou entre 9 e 11 graus Celcius, durante a época de nidificação desta ave. Estes dados permitiram estabelecer uma relação entre a temperatura e as datas de postura: “quanto mais quente, mais cedo estas aves conseguem estabelecer as suas ninhadas”. Sendo uma espécie que esconde os seus ninhos na vegetação, esta ave tem de aguardar que as plantas cresçam após a neve e gelo que cobriram os solos durante o inverno Ártico se terem transformado em água. Em anos mais quentes o degelo dos solos e crescimento das plantas é mais rápido, permitindo a estas aves colocar os seus ovos em segurança mais cedo, escondendo-os de potenciais predadores.

Mas este foi apenas o primeiro passo neste estudo. Importava ainda perceber se estas respostas ao aquecimento das temperaturas locais poderia ter efeitos ao nível da população. Para isso, as crias desta espécie foram seguidas a cada dois dias através do radio-seguimento dos seus progenitores que as guardam de forma contínua, para se estabelecer quanto tempo necessitam estas ciras até se tornarem independentes, isto é, quando adquirem a capacidade de voo. Amostrando crias nascidas em anos nos quais as temperaturas do ar foram muito diferentes, foi possível comprovar que em anos mais quentes as crias adquirem independência cerca de 15 dias antes do que crias que nascem num ano mais frio (considerando a totalidade do período entre postura dos ovos e a obtenção da capacidade de voo). Através de um extenso programa de registos voluntários com base em anilhas de cor (colocadas nas aves mal nascem) e cobrindo toda a área de distribuição desta população (Islândia -Península Ibérica), foi possível fazer o seguimento destas crias (agora juvenis) até ao final a sua primeira migração. Isto permitiu comprovar que as crias nascidas mais cedo têm uma maior probabilidade de recrutar para a população. Assim, em anos quentes, a fenologia de reprodução desta ave avança e as crias nesses anos têm uma maior probabilidade de aumentar o número de efectivos desta população. Uma vez que as temperaturas médias na Islândia têm vindo a aumentado desde 1845 e primaveras quentes têm sido cada vez mais frequentes em décadas mais recentes, os investigadores puderam associar o crescimento populacional desta ave migradora e a sua colonização de novas áreas na Islândia e na sua distribuição durante a época não-reprodutora (Europa Ocidental), ao aquecimento que se tem vindo a sentir no seu país de origem. No início do Século XX esta população reproduzia-se apenas numa área restrita na costa Sudoeste da Islândia, e estima-se que compreendia 5000 indivíduos. O aumento da temperatura média desde então, permitiu aos indivíduos nestes locais originais produzir descendência em abundancia que foi colonizando praticamente toda a área costeira do país. Os seus efectivos aumentaram já para mais de 50.000 indivíduos, com áreas colonizadas primeiro a produzir cada vez mais aves à medida que as temperaturas nesses locais foram também aumentado.

Este trabalho vai para além dos padrões de descrição das respostas individuais e locais às alterações climáticas, fazendo a ligação entre estas e os potenciais efeitos ao nível da demografia e distribuição das espécies. Estes efeitos são extremamente importantes pois ajudam a melhor prever o que poderá acontecer às várias espécies dependendo da sua capacidade de resposta  alterações globais. Felizmente, para a população de milherango estudada o aquecimento global tem sido promotor da sua expansão, algo que seria expectável para uma população que se encontrava no limite norte da sua área de distribuição e potencialmente limitada pelas baixas temperaturas que ocorrem a estas latitudes. Contudo, este não é o caso para muitas outras espécies de aves migradoras que em muitos casos não conseguem avançar a sua fenologia ao mesmo ritmo do que a dos insectos dos quais se alimentam e alimentam as suas crias.

Devemos por isso promover os esforços presentes de redução das emissões de carbono, limitando assim o aquecimento global que já se faz sentir. Para além de ajudar a biodiversidade nas suas tentativas de resposta a estas alterações que já decorrem, iremos certamente evitar que muitos dos ovos de chocolate que tanto apreciamos não derretam nos seus esconderijos enquanto os procuramos em Páscoas cada vez mais calorosas.

O artigo original pode ser lido em acesso livre aqui.

O artigo “Toxicity of innovative anti-fouling nano-based solutions in marine species” de membros do CESAM do grupo de Biologia funcional e Departamento de Biologia, com importantes contributos do grupo de Materiais de Carbono, Compósitos e Revestimentos Funcionais do CICECO e da empresa Smallmatek foi recentemente publicado na revista Environmental Science: Nano.Este trabalho concluiu que é possível desenvolver nanoaditivos para tintas marítimas mais amigos do ambiente (i.e. causar menor toxicidade em espécies não-alvo), sem afectar a função para o qual foram desenhados (biocidas com propriedades anti-vegetativas). Os novos compostos foram devidamente caraterizados e a sua toxicidade avaliada e comparada face aos compostos comerciais em numerosas espécies representativas da cadeia trófica marinha.

O artigo original aqui

A investigadora Irina Gorodetskaya e colegas recolheram moldes de flocos de neve no âmbito do Projeto “Quantifying precipitation and its contribution to surface freshening in the Southern Ocean” durante a expedição Antarctic Circumnavigation em janeiro-fevereiro de 2017 financiada pelo Instituto Polar Suiço. Além da recolha dos moldes, Irina também esteve envolvida na digitalização de algumas imagens no âmbito do projeto “EXPAR – Eventos de Precipitação Extrema na Antártida: investigação do papel dos Rios Atmosféricos” incluído no Programa Polar Português financiado pela FCT. Uma parte deste trabalho desenvolvido foi usado pela artista Yvonne Weber que criou a exposição “Casting the Ephemerality”. Esta exposição foi inaugurada no dia 01 de abril e está a ser exibida no Museu Marítimo de Ushuaia, Argentina até ao dia 30 de abril de 2019. Fará também parte da conferência SC-HASS 2019 – Antarctic Connections at the end of the world que vai decorrer de 3 a 5 de abril.

Mais sobre as motivações da artista e sobre esta exposição bem como as imagens que lá estão patentes pode ser consultado aqui.

Foi recentemente divulgado o Relatório do Grupo de Áreas Marinhas Protegidas (AMP) da Plataforma do Mar da responsabilidade do Ministério do Mar. Este relatório é o resultado do primeiro exercício partilhado, envolvendo entidades competentes na conservação da biodiversidade marinha e especialistas, elaborado até ao momento em Portugal, para discussão das AMP e a sua coerência no espaço marítimo nacional. Neste relatório participaram vários membros do CESAM. O documento pode ser consultado aqui.