No passado dia 29 de fevereiro, realizou-se no CESAM – Universidade de Aveiro o IIº workshop do projeto europeu SPRINT, dedicado à Transição para uma proteção fitossanitária mais sustentável. O projeto, coordenado nacionalmente por uma equipa do CESAM-UA, visa propor caminhos de transição para uma proteção vegetal mais sustentável, fornecer recomendações de políticas e desenvolver uma agenda de investigação sobre proteção vegetal sustentável.
Com a participação de 25 atores representando diversos setores da cadeia de produção agrícola, incluindo produtores, governança, fabricantes de agroquímicos, produtores de sementes, investigadores, associações de agricultores e cooperativas, o workshop teve como objetivo identificar abordagens e estratégias para reduzir a dependência de pesticidas sintéticos.
O foco das discussões foi direcionado para duas visões principais: a redução do uso de pesticidas sintéticos em 50%, em linha com as metas do Green Deal, e a eliminação total do seu uso. Num ambiente participativo, as discussões foram extremamente produtivas, identificando o caminho e gerando soluções para alcançar uma agricultura mais sustentável, com menor dependência em pesticidas sintéticos.
Categoria: Notícias
De 4 a 12 de março está a decorrer na Universidade de Aveiro uma Spring School no âmbito do projeto TWINNING FONDA, coordenado pela nossa investigadora Alexandra Monteiro (CESAM/DAO). Este evento tem como objetivo desenvolver conhecimentos sobre a modelação do nitrogénio e deposição no campo.
Esta Spring School é o primeiro evento organizado pelo consórcio FONDA na Universidade de Aveiro, em estreita colaboração com os parceiros do consórcio TNO (Países Baixos) e a Freie Universität Berlin (FUB). Os participantes têm a oportunidade única de interagir de perto e trocar ideias e experiências com os palestrantes convidados e fazer networking com colegas num ambiente informal e descontraído.
Saiba mais aqui: FONDA (ua.pt)
Ana Hilário, investigadora do CESAM/DBio, marcou presença no programa “Admirável Mundo Novo” da SIC, neste sábado, dia 2 de fevereiro, para abordar o tema do mar profundo e discutir o projeto internacional que co-coordena, o Challenger 150. Este projeto agrega investigadores de 140 instituições e de 52 países, num esforço colaborativo para gerar conhecimento que auxilie na elaboração de políticas mais esclarecidas e responsáveis em relação aos oceanos.
Durante a entrevista, a investigadora partilhou que uma vasta porção do mar profundo permanece inexplorada, sabendo-se menos sobre esta área — que se estende dos 200 aos 11.000 metros abaixo da superfície oceânica — do que sobre a lua. Enfatizou a importância crítica de expandir o nosso conhecimento sobre os oceanos, as espécies que neles habitam, e chamou a atenção para os impactos potencialmente devastadores da mineração no mar profundo.
Ana Hilário frisou ainda que “o mar profundo tem um papel fundamental na regulação do planeta”, sublinhando a importância deste não apenas para a biodiversidade marinha, mas também para o equilíbrio climático global, reforçando a mensagem de que a proteção dos oceanos é indispensável para a sustentabilidade do nosso planeta.
Se não teve oportunidade de assistir em direto, veja o episódio completo aqui.
Entre os dias 26 e 28 de Fevereiro, decorreu na cidade de Génova a primeira reunião do novo projeto europeu REDRESS (projeto número: 101135492), liderado pela Università Politecnica delle Marche. Esta reunião contou com uma notável lista de 27 parceiros da União Europeia e promete ser um marco no avanço da restauração do mar profundo, bem como na interação entre ciência, política e economia, visando a sustentabilidade dos oceanos europeus.
A investigadora Ana Hilário (CESAM/DBio) é coordenadora na Universidade de Aveiro deste projeto e esteve presente nesta reunião, juntamente com a investigadora Helena Vieira (CESAM/DAO). De acordo com a coordenadora do projeto “os resultados do projeto REDRESS serão fundamentais para a implementação da Lei do Restauração da Natureza que foi aprovada hoje no Parlamento Europeu.”
O projeto REDRESS foca-se na criação de estratégias informadas e bem fundamentadas para a tomada de decisões relacionadas com projetos de uso e/ou restauração do mar profundo, com o objetivo de promover uma gestão mais sustentável destes recursos oceânicos. Através deste projeto, os parceiros esperam contribuir significativamente para um futuro mais azul e sustentável do nosso planeta.
Rosário Domingues, investigadora do CESAM e docente no Departamento de Química da UA, foi convidada para ser oradora na prestigiada Gordon Research Conferences Glycolipid and Sphingolipid Biology 2024. Esta conferência realizou-se no Grand Galvez em Galveston, Texas, Estados Unidos, de 18 a 23 de fevereiro de 2024.
Rosário Domingues foi convidada como especialista na área da lipidómica. A GRC é uma conferência científica global líder, dedicada a expandir os limites da ciência através da apresentação de investigações inovadoras e inéditas, promovendo o networking e a troca de conhecimentos entre investigadores de todas as fases da carreira. O programa da conferência incluiu uma gama diversificada de oradores de instituições e organizações de todo o mundo.
Crédito de imagem: 90 segundos de ciência
No passado dia 19 de fevereiro, o investigador João Pedro Coelho (CESAM/DBio) esteve no “90 segundos de ciência” para falar sobre a sua investigação na eficácia da reintrodução de ervas marinhas para descontaminar sedimentos na Ria de Aveiro.
No podcast o investigador destacou o histórico de contaminação industrial e os desafios atuais com sedimentos ainda poluídos “há processos erosivos que fazem com que as camadas mais contaminadas de sedimento venham à superfície, o que pode trazer problemas no futuro”. Para tentar solucionar este problema ele e a sua equipa desenvolveram uma solução natural através da reintrodução de ervas marinhas, visando estabilizar sedimentos e promover a biodiversidade.
Ouça o conteúdo completo aqui.
Começou hoje, dia 19 de fevereiro, a reunião de arranque do projeto “CURIOSOIL – Awakening Soil Curiosity to catalyse Soil Literacy” que se estende até dia 21 de fevereiro nas instalações da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Este projeto representa um esforço concertado para enriquecer o conhecimento e a educação sobre o solo, face aos desafios impostos pela crescente pressão antropogénica sobre este recurso indispensável. Sob a liderança de Sónia Rodrigues, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), este projeto financiado pelo Horizonte Europa, congrega um consórcio de 14 parceiros de diferentes partes da Europa.
Entre as iniciativas do projeto destaca-se a criação de um “Kit de curiosidades sobre o solo”, que proporcionará experiências ricas e multissensoriais, e a elaboração conjunta de uma série de recursos educativos, materiais pedagógicos e programas de capacitação docente. Estes recursos serão implementados em vários níveis de ensino por toda a Europa, com o intuito de integrar o estudo da saúde do solo nos programas escolares e de intensificar a compreensão e a sensibilização para uma gestão sustentável do solo.
Financiado em 6,1 milhões de euros através da Missão Solo da União Europeia, integrada no programa Horizonte Europa, o CURIOSOIL tem como missão não só elevar o nível de literacia sobre o solo entre diversos estratos da população – de estudantes e educadores a cidadãos e responsáveis políticos – mas também promover a adoção de práticas sustentáveis e fomentar uma responsabilidade ambiental partilhada.
O arranque do projeto CURIOSOIL foi divulgado nos órgãos de comunicação social SIC Notícias, Observador e Notícias do Centro.
No dia 13 de fevereiro, o investigador Paulo Baganha do CESAM/DGeo e representante do CESAM na rede, esteve presente no Euromarine Open Science Day 2024, onde apresentou uma comunicação intitulada “Global warming and coastal changes: Application of Artificial Intelligence techniques in coastal erosion risk assessment”.
O evento deste ano, organizado pela Euromarine, focou-se no tema “Ciência nos limites: Enfrentando os pontos críticos socioecológicos e climáticos dos ecossistemas marinhos”. A investigação atual sublinha a urgência de abordar os riscos de mudanças ambientais abruptas ou irreversíveis, especialmente diante da transgressão dos limites dos sistemas terrestres. O oceano, como um dos principais reguladores da biosfera, é uma prioridade para a União Europeia.
A Euromarine promove o Open Science Day anualmente, incentivando a comunidade académica a contribuir para os desafios globais dos oceanos. Este ano, o dia 13 foi repleto de sessões de alto nível com especialistas globais e contribuições dos membros da EuroMarine, incluindo jovens investigadores e projetos financiados pela Missão Ocean & Waters da UE.
Hoje, 14 de fevereiro, realiza-se a Assembleia Geral da Euromarine, onde os representantes dos membros da rede se juntam para validar as atividades planeadas para 2024.
Saiba mais sobre este evento aqui: Euromarine Open Science Day and General Assembly 2024 | EuroMarine (euromarinenetwork.eu)
Crédito de imagem: Universidade de Aveiro
Investigadores da Universidade de Aveiro (UA), em colaboração com equipas de outras instituições, descobriram duas novas espécies e oito novas subespécies de planta, neste caso, de calêndula, em várias zonas do norte de África. Os estudos desenrolaram-se ao longo de vários anos e os trabalhos de campo começaram em 2009, na Tunísia.
A descoberta das novas espécies e subespécies foi feita em momentos distintos. Em alguns casos, os investigadores aperceberam-se que se trataria de novas espécies e subespécies durante os trabalhos de campo, ao visitar as respetivas populações, explica Paulo Silveira, investigador do CESAM e professor do Departamento de Biologia da UA que coordenou os estudos. Noutros casos, acrescenta, foi durante o estudo dos espécimes no herbário depois de visitar as populações das plantas ou, mais raramente, ainda antes dessa visita, porque muitos espécimes colhidos por outros botânicos não continham os frutos necessários para a identificação e caracterização segura destas plantas.
Os trabalhos de campo decorreram na Tunísia, em abril de 2009, em Marrocos (abril de 2010, abril de 2011, junho de 2012, março de 2013) e, na Argélia, em maio de 2014. O trabalho laboratorial foi realizado no Laboratório de Botânica e no Herbário da Universidade de Aveiro. Nas primeiras expedições, Paulo Silveira trabalhou só. A partir de junho 2012, a doutoranda Ana Carla Gonçalves passou a participar no âmbito da revisão taxonómica do género e realizada no âmbito do seu doutoramento sob orientação de Paulo Silveira.
Embora a divulgação mais recente deste longo trabalho seja de 2023, o docente e investigador explica que, normalmente, não se divulga uma espécie nova logo depois de ser descoberta, mas sim, apenas depois de estar devidamente estudada e publicada, sendo ambas tarefas demoradas. Até à publicação dos resultados, há que manter reserva.
A importância do trabalho de campo
Nem todas estas espécies são próprias de montanha, embora a maioria o seja: desde as montanhas Tazekka, no Atlas Médio, passando pelo Rif e Bokoya, em Marrocos, até Djurjura, na Argélia. A Calendula suffruticosa subsp. boccoyana, por exemplo, embora tenha ficado com o nome das montanhas Bokoya, pode surgir a altitudes relativamente baixas, em recifes costeiros. “Foi muito importante contactar com a variabilidade morfológica das plantas do género Calendula no campo, pois há variações que ocorrem dentro de certas populações que não são relevantes taxonomicamente e complicam a análise se o estudo for feito apenas no herbário, em que os espécimes estão fora do contexto da respetiva população de onde foram retirados”, assinala Paulo Silveira. “Na maioria dos casos as diferenças são subtis, sobretudo no caso das novas subespécies”, afirma.
O investigador considera que a principal razão de ainda não terem sido descobertas antes, ou publicadas como novos taxa (novas espécies e subespécies), tem a ver com a dificuldade de perceção, até então, do papel dos aquénios – tipo de fruto normalmente seco, com origem em um ou mais carpelos, que não se abre espontaneamente, contendo, tipicamente, uma semente – na taxonomia do género, havendo muitos espécimes de herbário que não continham esses frutos e, por isso, não eram identificáveis. Paulo Silveira acrescenta ainda que, antes, havia também lacunas de trabalho de campo na região.
Os estudos desenrolaram-se no âmbito dos projetos do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) – FCT/MCTES UIDP/50017/2020+UIDB/50017/2020 através de fundos nacionais -, envolvendo a bolsa de doutoramento da Ana Carla Gonçalves da FCT/UNESCO (SFRH/BD/51464/2011) e com financiamento do programa europeu SYNTHESYS, que tornou possível visitas a herbários em Londres. O trabalho até agora desenvolvido sobre a taxonomia e cariosistemática do género Calendula resultou na publicação de dois capítulos de livros internacionais e seis artigos em revistas indexadas, envolvendo não só um doutoramento (de Ana Carla Gonçalves), como dois mestrados (Sofia Nora e Inês Simão). A cariosistemática é um ramo da sistemática (classificação científica dos seres vivos) que procura determinar relações naturais entre taxa através do estudo de cariótipos (conjunto de cromossomos presentes em um indivíduo).
As parcerias também foram várias, ao longo dos anos e diferentes contextos, mas, no que teve implicações taxonómicas, destacam-se as encetadas com os botânicos dos países visitados, tais como os professores Ahmed Ouhammoud, em Marrocos (Marraquexe), Rachid Amirouche, em Argel (Argélia), e em Portugal: Estrela Figueiredo, presentemente na Universidade Nelson Mandela (Africa do Sul), Leonor Morais do Instituto Superior Técnico (ISA, Lisboa), Helena Oliveira, também do CESAM/DBio, João Loureiro e Silvia Castro – ambos, antigos alunos da UA, atualmente professores na Universidade de Coimbra – e contou com a colaboração do professor Jorge Paiva, investigador aposentado dessa mesma universidade.
Texto: Adaptado de Notícias UAoline

No final de janeiro de 2024, a Agência Portuguesa do Ambiente tomou a decisão histórica de não prorrogar a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) para o projeto do aeroporto do Montijo, baseando-se em fundamentos científicos sólidos. Essa decisão foi fortemente influenciada por seis estudos científicos focados na avifauna, dos quais quatro foram conduzidos por investigadores do CESAM.
Os trabalhos do CESAM destacam os significativos impactos ambientais que o projeto poderia acarretar na zona protegida do estuário do Tejo, uma área de crucial importância para aves e seus habitats. José Alves, investigador CESAM/DBio, juntamente com a sua equipa, contribuiu com três desses estudos, que apontam para conclusões alarmantes: o projeto do aeroporto ameaçaria a biodiversidade na área protegida, afetaria negativamente as aves migratórias – muitas das quais já enfrentam declínios acentuados -, e teria impactes que ultrapassam os limites da área designada para conservação.
As descobertas destes estudos chamaram a atenção de diversos meios de comunicação, com destaque para reportagens no Diário de Notícias e no Jornal da Noite da SIC, ampliando o debate público sobre o assunto.
José Alves, que desde 2019 vem apontando as falhas no processo de Avaliação de Impacte Ambiental e os riscos de não conformidade com a legislação, vê na decisão da APA um reflexo da importância da ciência na tomada de decisões governamentais relacionadas à conservação da biodiversidade. Esta posição, caso se mantenha firme após o período de contestação, poderá servir como um marco exemplar da interação entre a investigação científica e a gestão pública, reforçando o papel vital da ciência na proteção ambiental e na sustentabilidade futura.