João Carvalho, Investigador no CESAM, e Luís Miguel Rosalino, Investigador no cE3c -Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, são os editores convidados de uma edição especial da revista “Animals”, a qual se intitula: “The Response of Wildlife Populations and Communities to Global Change”.

Submissões até 30 de junho de 2021.

+ info: https://www.mdpi.com/journal/animals/special_issues/wildlife_global_change

Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias, de acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.

“Queríamos conhecer as espécies mais afetadas pelas estradas na Europa e mapear as áreas onde as estradas podem ser uma ameaça para as aves e mamíferos na Europa. Fizemos uma compilação dos estudos com registos de atropelamentos na Europa e desenvolvemos modelos para estimar o número de atropelamentos de espécies não estudadas e identificar quais as espécies vulneráveis à extinção local devido às estradas”, afirma Clara Grilo. 

As taxas de atropelamento variam entre as diferentes espécies e os investigadores explicam porquê. “As aves e os mamíferos com menor tamanho corporal e com características que os tornam mais abundantes apresentam maior número de registos de atropelamento. Por exemplo, os melros e os ouriços apresentaram taxas de atropelamento particularmente elevadas”, destaca a coautora Manuela González-Suárez, professora na Universidade de Reading, Reino Unido. 

Notícia completa no Portal de Notícias da UA: https://www.ua.pt/pt/noticias/9/63420

Noticiado também em:

VISÃO – https://bit.ly/2YnRujJ

Ambiente Magazine – https://bit.ly/2V4ssnB

Referência do artigo:

Grilo C, E. Koroleva , R. Andrášik, M Bíl, M. González-Suárez (2020). Roadkill risk and population vulnerability in European birds and mammals. Frontiers in Ecology and Environment. doi:10.1002/fee.2216

Como parte do seu compromisso para com a interface ciência-política Europeia, a rede internacional ALTER-Net, que tem o CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) como membro, adotou o mecanismo do projeto Eklipse. Este mecanismo tem como objetivo colmatar as falhas existentes na Interface Ciência-Política da Europa, estabelecendo um mecanismo auto-sustentável para políticas baseado na evidência e informação na área da biodiversidade e serviços de ecossistemas. Tendo como base os resultados do projeto produzidos em resposta aos pedidos dos decisores políticos (e.g. ministérios ambientais, Comissão Europeia, IUCN, etc) durante a fase piloto, este mecanismo vai avançar com a estratégia de promover uma abordagem robusta e transparente, unindo os melhores especialistas da Europa e usando métodos feitos à medida e adaptados.

Uma equipa do CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) constituída, entre outros, pelos Investigadores Bruno Nunes, Miguel Oliveira e Teresa Rocha-Santos, com diferentes áreas de formação e atuação (Ecotoxicologia, Biologia, Bioquímica e Química), irá integrar o consórcio de um projeto mobilizado pela APIP – Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos, em torno de uma visão mais sustentável e circular da Indústria e da Sociedade. O Consórcio será liderado pela empresa Vizelpas Flexible Films, S.A, e incluirá várias empresas do sector dos plásticos, Institutos e Unidades de Investigação. O projeto “BETTER PLASTIC – Plastics in a Circular Economy” irá abordar as principais necessidades de inovação e investigação para dar cumprimento à Estratégia Europeia para os Plásticos, através de uma abordagem tripartida em termos de circularidade: i) Circularidade pelo Design, ii) Circularidade pela Reciclagem, e iii) Circularidade pelas Matérias Primas Alternativas. A equipa do CESAM ficará responsável pela avaliação de toxicidade humana e ambiental dos materiais estudados.

A investigação para a sustentabilidade de recursos endógenos marinhos é uma das áreas de atuação do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. No Dia da Gastronomia Sustentável, o CESAM destaca dois projetos que contribuem para uma alimentação segura e para a valorização de recursos tão apreciados e consumidos mundialmente, como são os moluscos e os peixes.

A produção de moluscos bivalves em aquacultura é uma atividade sustentável com níveis de impacte ambiental reduzidos, uma vez que estes organismos são filtradores e, como tal, filtram alimento natural presente na água, dispensando o fornecimento de rações.  Contudo, a qualidade destes animais pode-se degradar ao longo do tempo de comercialização, porque, em alguns casos, os processos e as embalagens utilizadas não são as mais adequadas. O projeto MolBiPack tem como objetivo desenvolver embalagens e otimizar métodos de acondicionamento de bivalves adequados aos requisitos fisiológicos de cada espécie, desde a  captura à comercialização. No final deste projeto, esperamos contribuir para a preservação e melhoramento da composição bioquímica dos bivalves, diminuição da mortalidade durante os processos compreendidos entre a apanha e a comercialização, e aumento do tempo de prateleira dos bivalves comercializados. Assim, para além da valorização deste recurso importante, serão reforçadas as garantias de segurança alimentar associadas ao consumo destes organismos.

Outra medida importante para a valorização de recursos endógenos marinhos, e com benefícios ao nível da segurança alimentar e saúde pública, é a certificação de origem destes produtos. O projeto TraSeafood tem como objetivo rastrear o local de origem de alguns destes recursos capturados e/ou produzidos ao longo da costa oeste e sudoeste da Península Ibérica, recorrendo a assinaturas elementares e/ou bioquímicas, como o perfil de lípidos. Neste projeto são consideradas espécies com elevado valor comercial e com potencial valor acrescentado, que pode ser obtido após a sua certificação de origem, incluindo algumas macroalgas, bivalves (ex. mexilhão e ostra), polvo, percebes e alguns peixes como a sardinha, cavala, carapau, dourada e robalo. As assinaturas elementares e bioquímicas são específicas de cada espécie, únicas para cada local de amostragem e podem ser usadas para a certificação de origem. Para além disso, o projeto estuda se a variabilidade sazonal e inter-anual das assinaturas e a sua alteração ao longo do tempo de prateleira afetam a discriminação do local de origem. Ao desenvolver uma metodologia fiável para verificação das denominações de origem, pelos mariscadores/produtores ao longo da cadeia de comercialização, é possível diferenciar e agregar valor aos recursos endógenos marinhos capturados e/ou produzidos. Esta abordagem permite igualmente expor práticas fraudulentas, que colocam em risco a segurança alimentar e a saúde pública.

O sucesso destes projetos assenta numa abordagem multidisciplinar, envolvendo especialistas em aquacultura, microbiologia, ecologia e lipidómica, contribuindo para uma melhor qualidade dos recursos endógenos marinhos desde a captura até à sua comercialização.

As equipas dos projetos MolBiPack e TraSeafood

MolBiPack – Melhoramento dos processos de acondicionamento, transporte e embalamento de moluscos bivalves: da captura à comercialização (MAR-01.03.01-FEAMP-0005) tem o apoio financeiro do Programa MAR2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEAMP – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

TraSeafood – Rastreabilidade da Origem Geográfica como uma Via de Valorização Inteligente dos Recursos Marinhos Endógenos é financiado pelo FEDER através do COMPETE2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), e por fundos nacionais (OE) através da FCT/MCTES.

No sul de Portugal existem áreas altamente vulneráveis à erosão do solo, seca e desertificação. No caso das antigas áreas mineiras da Faixa Piritosa Ibérica, estas características do solo são agravadas pela poluição resultante de um passado de atividade mineira e drenagem ácida, atingindo-se perdas de funcionalidade do solo entre 50 e 100%.

O projeto LIFE No_Waste pretende demonstrar a eficácia da aplicação de novos aditivos na recuperação da funcionalidade de solos degradados em Portugal. Estes aditivos para solo são preparados com base em cinzas de combustão de massa florestal residual e resíduos orgânicos (lamas biológicas e/ou composto orgânico), num contexto de economia circular. Estes novos materiais permitirão recuperar a qualidade química e ecológica e promover o crescimento de vegetação em solos severamente afetados por poluição extrema com metais pesados, salinidade e pH baixo.

No âmbito do LIFE No_Waste, está a decorrer, desde Maio 2018, um projeto piloto, na Mina de São Domingos (Mértola), de aplicação in situ dos novos aditivos. Este trabalho, coordenado pelo CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, envolve uma equipa multidisciplinar com experiência nas áreas de gestão de resíduos, engenharia do ambiente, geoquímica, química ambiental, bioquímica, botânica, ecologia e ecotoxicologia. O projeto piloto permitirá otimizar as condições operacionais, fornecendo diretrizes técnicas para a posterior aplicação destes materiais em outras áreas com solos degradados do Sudoeste Europeu.

A equipa do projeto

O CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar é parceiro institucional de duas infraestruturas (EMSO-PT – Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal e PORBIOTA – E-Infraestrutura Portuguesa de Informação e Investigação em Biodiversidade), que constam no novo Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE) publicado este mês pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta é a primeira atualização após a sua publicação em 2014.

Ambas as infraestruturas se inserem na área do ambiente, uma das principais áreas de atuação do CESAM. A EMSO-PT, coordenada pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, faz parte da EMSO, Infraestrutura de Investigação Europeia de Grande Escala. Esta infraestrutura é constituída por observatórios submarinos multidisciplinares, fixos, com o objetivo de fornecer informação científica em tempo quase real, a longo prazo, dos processos ambientais marinhos relacionados com a interação entre a geosfera, a biosfera e a hidrosfera. É uma infraestrutura distribuída localizada em locais chave do mar europeu, abrangendo o Ártico, o Atlântico, o Mediterrâneo e o Mar Negro e prevê-se que a rede de observatórios esteja instalada no final da década. O CESAM é parceiro desta infraestrutura contando com a participação de uma equipa de 8 investigadores especialistas em oceano profundo, liderada pela Prof. Marina Cunha. A PORBIOTA é uma infraestrutura nacional coordenada pelo ICETA/CIBIO-InBIO, distribuída para gerir dados de biodiversidade nacionais, visando a sua integração na infra-estrutura Europeia de e-Ciência para a investigação em biodiversidade e ecossistemas LIFEWATCH (ESFRI Roadmap 2016 Landmark). A infraestrutura é liderada por um consórcio que inclui Unidades de Investigação e Desenvolvimento nacionais, museus de história natural, o nó Português do Sistema Global de Informação sobre a Biodiversidade (GBIF) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), incluindo também algumas áreas específicas (ICOS-PT e LTER Portugal). O sítio LTER da Ria de Aveiro é uma das áreas que contribui para esta e-infraestrutura.

Pretende-se com a PORBIOTA compilar e integrar toda a informação sobre biodiversidade que se encontra dispersa a nível nacional (por exemplo, bases de dados, literatura, multimédia, coleções de história natural), facilitando posteriormente o seu acesso, a interoperabilidade de dados e um conjunto de ferramentas especializadas para a modelação e análise de grandes quantidades de dados de biodiversidade. O CESAM é parceiro desta infraestrutura contando com a participação de uma equipa de 11 investigadores especialistas em biodiversidade, liderada pela investigadora Ana Isabel Lillebø.

O RNIE 2020 surge na sequência da avaliação da maturidade das infraestruturas de investigação iniciada pela FCT em outubro 2019. Esta avaliação foi concluída no passado mês de fevereiro para as infraestruturas integradas no RNIE entre 2014 e 2019. Além de atualizar a informação respeitante às 40 infraestruturas integradas no RNIE em 2014, incluindo os montantes de investimento público atribuídos para o quadriénio 2017-2021, apresentada as 16 novas infraestruturas integradas no Roteiro desde abril 2019, conforme previsto no DL nº63/2019. O RNIE 2020 aproxima o panorama das infraestruturas do RNIE às prioridades do Plano Nacional de Reformas e às estratégias temáticas para a investigação e inovação, tais como o “Espaço 2030”, o Programa de Ação para a Economia Circular (INCoDe.2030) ou a aposta na investigação clínica, nomeadamente no domínio do Cancro. 

O RNIE 2020 pode ser descarregado aqui (em Inglês).

 

O CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar é parceiro institucional de duas infraestruturas (EMSO-PT – Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal e PORBIOTA – E-Infraestrutura Portuguesa de Informação e Investigação em Biodiversidade), que constam no novo Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE), publicado este mês pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta é a primeira atualização após a sua publicação em 2014.

 

Os moluscos bivalves são recursos alimentares importantes em todo o mundo tendo uma elevada relevância económica em alguns países, como é o caso de Portugal. Sendo organismos filtradores ativos, estes organismos podem facilmente acumular não só bactérias que existem na área onde são capturados ou produzidos, mas também toxinas que têm origem em florescimento de algas nocivas (harmful algal blooms – HABs). Isto representa uma séria ameaça à saúde pública, uma vez que o consumo de marisco contaminado pode provocar o envenenamento nos humanos, podendo ser letais.

As áreas destinadas ao cultivo de moluscos bivalves em Portugal são classificadas em zonas A, B ou C, de acordo com a contaminação bacteriana detetada na componente edível destes organismos. Ao contrário dos bivalves capturados ou produzidos em zonas A, os bivalves provenientes de zonas B só podem ser comercializados vivos para consumo humano após um processo de depuração num processo que pode demorar até dois meses. Neste sentido, o projeto BioDepura tem como objetivos a otimização de metodologias de depuração de moluscos bivalves, adaptadas aos requisitos fisiológicos de cada espécie, bem como o desenvolvimento de dietas microencapsuladas à base de ingredientes naturais (microalgas) que possam melhorar o perfil nutricional dos bivalves e aumentar a durabilidade do produto. O sucesso deste projeto assenta numa abordagem multidisciplinar que inclui especialistas em aquacultura e microbiologia, e na estreita colaboração entre os cientistas e os profissionais do setor.

Portugal, tal como a maioria dos países costeiros, é afetado por HABs e a sua vigilância é da responsabilidade do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Para além de serem monitorizadas outras toxinas obrigatórias, as toxinas paralisantes (paralytic shellfish toxins – PSTs), têm especial relevância devido aos graves sintomas neurológicos que podem provocar em humanos. Os métodos analíticos usados pelo IPMA para a quantificação de toxinas são baseados em técnicas laboratoriais que requerem equipamento dispendioso e pessoal qualificado. Assim, existe a necessidade do desenvolvimento de metodologias rápidas e de baixo custo para a deteção e quantificação de toxinas, nomeadamente para as PSTs, podendo estas ser usadas como ferramentas de rastreio e de alarme pelas autoridades e profissionais. 

O projeto Sistema de língua bioelectrónica para a detecção de toxinas paralisantes marinhas em bivalves visa desenvolver um sistema de língua bioeletrónica baseado em biossensores para a deteção rápida das PSTs frequentemente detetadas em águas portuguesas. O projeto junta uma equipa multidisciplinar de especialistas na área dos sensores e sistemas de línguas bioeletrónicas, toxinas marinhas, química analítica e biologia molecular. Dois laboratórios do CESAM estão envolvidos neste projeto, o MicroBiotec que é responsável pelo desenho e síntese de recetores seletivos às PSTs, e o LOCS, que é responsável pelo desenvolvimento de biossensores e métodos analíticos.

Deste modo, tirando partido da investigação transversal que é feita no CESAM, estes dois projetos constituem enormes contribuições para a segurança alimentar.

BioDepura – Desenvolvimento de metodologias de depuração de moluscos bivalves adequadas aos requisitos fisiológicos de cada espécie (MAR-02.01.01-FEAMP-0018) tem o apoio financeiro do Programa MAR2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEAMP – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas. Mais informação sobre este Projeto pode ser vista neste curto  video.

Sistema de língua bioelectrónica para a detecção de toxinas paralisantes marinhas em bivalves é financiado pelo FEDER através do COMPETE2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), e por fundos nacionais (OE) através da FCT/MCTES.

Em artigo de opinião publicado na revista Antibiotics, a investigadora do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Adelaide Almeida (DBio), em co-autoria com as investigadoras Amparo Faustino (DQ) e Graça Neves (DQ) do LAQV-REQUIMTE, defendem que “o tratamento fotodinâmico (PDT), usando fotossensibilizadores como o azul de metileno ou derivados porfirínicos, pode ajudar a mitigar a COVID-19, nomeadamente, para tratar pacientes infetados, desenvolver têxteis funcionais fotoativos, desinfetar superfícies, água e ar”. A notícia completa pode ser lida aqui e o artigo original aqui [em inglês].

O evento IBERSENSOR 2021, originalmente previsto para setembro de 2020, foi adiado para setembro de 2021. O evento irá realizar-se em Aveiro, Portugal.

+ info: http://ibersensor2021.events.chemistry.pt/