O trabalho de investigação de Diana Vieira e Marta Basso em colaboração com investigadores da Universidade de Lisboa, alerta para impacto no abastecimento de água a partir do Rio Zêzere como consequência dos incêndios de 2017 que assolaram a zona Centro do país. A notícia foi divulgada em diversos meios de comunicação social nacionais e pode ser lida aqui (por exemplo):

Atualização: Devido á divulgação deste trabalho, seguiu um comunicado da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmando que, “no seguimento do trabalho científico realizado por essa equipa, foram implementadas medidas com vista à minimização dos eventuais efeitos provocados pelos incêndios na qualidade da água e nas condições de escoamento dos cursos de água”.

O Maçarico-de-bico-direito é uma das várias espécies de aves limícolas migradoras que usa o estuário do Tejo como local de repouso e alimentação durante o período não reprodutor, e que se prevê seja seriamente afectada pelo novo aeroporto de Lisboa, localizado na península do Montijo, em pleno estuário do Tejo.

As rotas de aproximação e decolagem propostas para o aeroporto do Montijo, fazem com que as aeronaves sobrevoem áreas de alimentação de excelência destas aves (zonas intertidais e campos de arroz) bem como locais de repouso como salinas, lagoas e sapais, onde descansam no período da maré cheia. Como assinalado no estudo de impacto ambiental (EIA), o ruido provocado pelas aeronaves ira causar uma perturbação sonora que implica uma reacção por parte das aves, nomeadamente voos de afastamentos. Estes impactos terão lugar nos referidos habitats, não só mas também, dentro da área protegida por legislação nacional (Reserva Natural do Estuário do Tejo), por directivas europeias (Zona de Protecção Especial) e integrante de vários acordos internacionais dos quais Portugal é signatário (por exemplo a convenção de Ramsar). A área total afectada por esta perturbação foi subestimada no EIA e as medidas de compensação propostas na Declaração de Impacto Ambiental (DIA) são manifestamente insuficientes, para realmente compensar estes impactes, apesar de no mesmo documento se declararem: “(…)negativos, significativos, de magnitude moderada/elevada, permanentes e irreversíveis na avifauna do estuário, que decorrem da perturbação causada pela circulação de aeronaves e que têm como consequência a redução das áreas de refúgio, alimentação e nidificação das aves aquáticas que o frequentam.

Entre estas espécies encontra-se o Maçarico-de-bico-direito, cuja população reprodutora na Europa Central (particularmente Holanda, Bélgica, Alemanha, Dinamarca e Inglaterra) tem demostrado declínios muito significativos, na ordem dos 30-49% nos últimos 26 anos. Devido a esta trajectória negativa, a espécie é classificada como “quase ameaçada” segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza sendo atualmente alvo de vários programas de conservação, muitos financiados pela União Europeia (Projectos Life, Agri-Environemtal Schemes, etc). E na Holanda, o Maçarico-de-bico-direito é a ave nacional!

A população europeia de Maçarico-de-bico-direito é atualmente composta por 102 a 149 mil casais, sendo que nos arrozais do Tejo, os números em Janeiro e Fevereiro oscilam entre 20 a 50 mil indivíduos, com algumas contagens a atingirem os 80 mil aves em anos recentes. Estas aves, algumas delas que migram até Africa, reúnem-se nos arrozais do estuário do Tejo em preparação para a migração com destino às suas áreas de reprodução no norte da Europa. É portanto nesta área protegida em Portugal que se alimentam e descasam antes do voo migratório final. A perturbação provocada pelas aeronaves que com muita frequência irão produzir níveis de ruido acima dos valores ignorados pelas aves, irá colocar uma nova pressão nesta espécie, num período crítico do ano.

José Alves, investigador no DBIO e CESAM, foi entrevistado esta semana por um média Holandês da da Frísia (Omrop Fryslan), província holandesa onde os maçaricos são muito abundantes. A notícia foi publicada on-line, bem como na rádio e televisão (ver anexo, em Holandês), sendo que esta história chegou aos média nacionais (NOS), e despoletou perguntas imediatas das ONGAs Holandesas ao governo do pais, envolvendo este investigador.

A notícia tem vindo a ganhar importância na Holanda e “não deixa de ser curioso como um estado membro dá tanta relevância a uma espécie, quando em Portugal, onde muitas outras espécies serão afectadas pelo novo aeroporto esta temática seja muito pouco debatida.”

“Cabe-nos a nós como sociedade de um estado soberano proteger a nossa biodiversidade, que nalguns casos partilhamos com outros países. Infelizmente, não é isso que estamos a fazer, e no caso do aeroporto do Montijo, estamos conscientemente e manifestamente a tomar acções no sentido inverso à conservação das espécies migradoras”.

Cerca de 200 espécies de insetos, com especial relevo para o grupo dos polinizadores, foram identificadas em três espaços da Universidade de Aveiro (UA): prado nas traseiras do Departamento de Biologia (DBio), marinha Santiago da Fonte e pseudo-dunas no recinto do ECOMARE (Gafanha da Nazaré), no âmbito de uma dissertação de Mestrado em Ecologia Aplicada. O aluno David Alves foi orientado pelas investigadoras do Departamento de Biologia e CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Olga Ameixa e Paula Maia.

Mais informações sobre o trabalho desenvolvido aqui.

O projeto Smart Green Homes (SGH) que conta com membros do CESAM na sua equipa realizou mais uma edição do Smart Green Homes (SGH) Open Campus a 29 de janeiro, na UA, juntando os investigadores deste projeto na discussão e apresentação de resultados do trabalho realizado até agora. A notícia completa aqui.

O Ministério do Mar, a Academia das Ciências de Lisboa e o Comité Português para a COI (Comissão Oceanográfica Intergovernamental)/UNESCO estão a organizar uma sessão dedicada à UN Decade of Ocean Science for Sustainable Development: From challenges to actions, a decorrer no dia 14 de fevereiro de 2020 na Academia das Ciências de Lisboa. O programa contempla a participação de especialistas que irão apresentar e debater o modo como a Ciência Oceânica pode contribuir para a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O evento contará com a presença do Sr Ministro do Mar, Dr. Ricardo Serrão Santos e do Sr Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Dr. Manuel Heitor. O Prof. Luis Menezes Pinheiro, Presidente do Comité Português para o COI/UNESCO e investigador do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro, irá partilhar a sessão de abertura com o Sr Ministro do Mar e será o moderador do painel denominado The UN Decade of Ocean Science for Sustainable Development. A Doutora Ana Hilário, investigadora do CESAM, com reconhecido currículo nos ecossistemas do Mar profundo será oradora no na mesa redonda Ocean observation and protection measures.

O programa completo do evento pode ser obtido aqui. Esta sessão será do interesse de todos incluindo investigadores em início de carreira e alunos de pós-graduação. A sessão é aberta, mas necessita de confirmação de presença para o email: eventos@dgpm.mm.gov.pt.

A Década foi declarada pelas Nações Unidas e será realizada de 2021 a 2030 com o objetivo de construir uma estrutura comum para garantir que as ciências do oceano possam apoiar plenamente os países na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A Década será uma oportunidade única para se criar um novo apoio para fortalecer a gestão dos nossos oceanos e zonas costeiras em benefício da humanidade recorrendo à interface ciência–política. A Década pretende ainda fortalecer a cooperação internacional essencial para o desenvolvimento de investigação científica e tecnológica inovadoras capazes de estabelecer ligações entre a ciência oceânica e as necessidades da sociedade. Assim, a Década exigirá o envolvimento das partes interessadas para criar novas ideias, soluções, parcerias e aplicações, incluindo cientistas, governos, académicos, políticos, empresas, indústria e sociedade civil.

Mais informações sobre a Década aqui.

O oceano profundo, apesar de ser o maior bioma do planeta, continua a ser pouco estudado no que diz respeito à biodiversidade e funcionamento dos seus ecossistemas. Sabemos, no entanto, que o bem-estar Humano está intimamente ligado à integridade dos ecossistemas de profundidade através de uma série de serviços dos ecossistemas tão diversos como a regulação climática e a disponibilidade de recursos. Para grande parte da sociedade o oceano profundo é um lugar remoto e desconhecido, com pouca biodiversidade e sobretudo inacessível. Contudo, uma combinação de fatores geológicos, físicos e geoquímicos do leito marinho e da coluna de água criam um vasto número de habitats complexos com características únicas que, juntos, contribuem para o equilíbrio ambiental do planeta.  A fauna associada a cada um destes habitats apresenta adaptações específicas à alta pressão, falta de luz, baixas temperaturas (ou gradientes de temperatura acentuados no caso de fontes hidrotermais), limitação de alimentos (particularmente nas planícies abissais) e, em alguns casos, isolamento (por exemplo, montes submarinos, fontes hidrotermais, fossas abissais). De um modo geral, a fisiologia animal e o funcionamento dos ecossistemas do oceano profundo são fundamentalmente diferentes daqueles dos ambientes marinhos superficiais e terrestres. Além disso, a biodiversidade a profundidades batiais e abissais está entre as mais elevadas do planeta e o potencial para novas descobertas é enorme; essas descobertas vão desde novos recursos genéticos ao papel que os diferentes habitats têm no meio marinho como um todo. No contexto da biodiversidade do oceano profundo, o funcionamento e os serviços dos ecossistemas suportados por essa biodiversidade, bem como os impactos e resiliência do oceano profundo à atividade humana, a falta de conhecimento-base é um dos grandes problemas com que a sociedade e a comunidade científica se debatem.

Historicamente, uma das grandes limitações ao conhecimento do oceano profundo é uma abordagem fragmentada e enviesada, com dados colhidos essencialmente no hemisfério norte e em zonas económicas exclusivas de países desenvolvidos. As Nações Unidas declararam 2021-2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. No roteiro da Década, a ONU reconhece a falta de dados do oceano profundo como um obstáculo à gestão sustentável dos oceanos e pede à comunidade científica colaboração e coordenação na planificação da ciência oceânica. A comunidade científica do oceano profundo respondeu a este desafio através de duas iniciativas internacionais: (1) o Deep-Ocean Stewardship Initiative (DOSI) que contribuiu para a identificação das questões científicas prioritárias para a Década e do potencial tecnológico para as responder, e (2) o Scientific Committee on Oceanic Research (SCOR) que apoia um grupo de trabalho cuja missão é planear uma abordagem global, com metodologias padronizadas e adaptadas aos diferentes habitats, para a aquisição e integração de dados biológicos do oceano profundo, e também criar meios de transferência de tecnologia e capacitação de recursos humanos para as ciências oceânicas.

O CESAM tem tido um papel fundamental neste processo, através da coordenação destes grupos de trabalho, tendo já organizado o workshop do DOSI para a identificação das prioridades científicas para a Década (Outubro de 2018) e recebendo agora o grupo de trabalho do SCOR para a sua primeira reunião (22 a 24 de Janeiro de 2020). Este evento vai contar com uma sessão pública no dia 24 de Janeiro com a participação de vários investigadores nacionais e internacionais, bem como do Ministro do Mar, Dr. Ricardo Serrão Santos. O programa deste evento público pode ser consultado abaixo [em Inglês].

 

THE DEEP OCEAN IN THE UNDECADE OF OCEAN SCIENCE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT

 24 January 2020, University of Aveiro (Anfiteatro do DEMaC, Building 9, room 9.1.1)

14.30 Welcome and introduction

Prof. Paulo Jorge Ferreira, Rector of the University of Aveiro (TBC); Dr. Ana Hilário, University of Aveiro

14.50 Advances since the Census of Marine Life (2000-2010) and challenges for the next decade

Dr. Paul Snelgrove, Memorial University, Newfoundland, Canada

15.10 Deep-Ocean science programmes in the Decade

Prof. Lisa Levin, Scripps Institution of Oceanography, University of California San Diego, USA

15.30 The role of Portugal in a Decade of deep-ocean science

Dr. Ricardo Serrão Santos, Minister of the Sea, Portugal & Member of the Executive Planning Group of the Decade

16.00 Round table discussion

Moderator: Dr. Ana Colaço, University of the Azores, Portugal

 

O artigo “Structural features and pro-inflammatory effects of water-soluble organic matter in inhalable fine urban air particles”, da autoria de investigadores do CESAM, em parceria com investigadores do iBiMED e do QOPNA & LAVQ-REQUIMTE, da Universidade de Aveiro, é capa do próximo número da revista Environmental Science & Technology.

Neste trabalho, os investigadores recolheram partículas atmosféricas inaláveis, para identificar diferenças na composição da matéria orgânica solúvel em água (water-soluble organic matter – WSOM) e o respetivo potencial pró-inflamatório e oxidativo em macrófagos alveolares, ambos relacionados com as respostas fisiológicas do sistema imunitário. Os investigadores concluíram que a exposição a esta fração particulada induz um estado pro-inflamatório moderado, podendo ocorrer a longo prazo uma diminuição da capacidade de resposta dos macrófagos a estímulos pro-inflamatórios subsequentes. Estes resultados sugerem que, a longo prazo, pode ocorrer uma diminuição da capacidade destes macrófagos alveolares para lidar com patógenos. No entanto, este trabalho é preliminar sendo necessários mais estudos para compreender os mecanismos através dos quais esta fração particulada pode aumentar a suscetibilidade a doenças respiratórias.

O investigador do CESAM, José Alves, juntamente com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e uma investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, entregaram uma queixa contra o Estado Português acusando-o de violar o Acordo para a Conservação das Aves Aquáticas Migratórias África-euroasiáticas (AEWA – African Eurasian Waterbird Agreement), no seguimento da eventual construção de um novo aeroporto no Montijo. Este é um acordo internacional que protege 255 espécies de aves aquáticas. A notícia foi publicada na revista de natureza Wilder – Rewilding your days e pode ser lida aqui.

A investigadora de pós-doutoramento Diana Madeira está a organizar, em conjunto com o Professor Piero Calosi (Université du Québec à Rimouski, Canada), uma sessão SEB+ na conferência anual do SEB (Society for Experimental Biology), a realizar-se em Praga de 7 a 10 de Julho de 2020.

A conferência anual do SEB é uma conferência multi-disciplinar para investigadores que trabalham em biologia animal, vegetal e celular. É uma das maiores conferências de biologia do mundo, dando a oportunidade aos participantes de partilhar a sua investigação e formar parcerias com mais de 800 cientistas de diversas nacionalidades. 

A sessão extra SEB+ co-organizada pela Diana Madeira, decorrerá no dia 11 de Julho e é sobre as respostas plásticas transgeracionais e evolução adaptativa em metazoários marinhos num oceano em mudança. Em mais detalhe os tópicos abordados nesta sessão serão:

– Impactos das alterações climáticas na biodiversidade: tendências e desafios para a investigação e conservação

– Ferramentas e desenvolvimentos metodológicos no estudo dos impactos das alterações climáticas na biodiversidade

– Desenvolvimento de uma abordagem integrada na investigação das alterações climáticas e conservação da biodiversidade

 Esta sessão irá oferecer aos participantes a oportunidade de: 

  1. Assistir a apresentações de especialistas mundiais em alterações globais no meio marinho 
  2. Assistir e participar em debates com especialistas internacionais
  3. Efectuar uma apresentação oral ou poster
  4. Partilhar ideias e efectuar parcerias multi-disciplinares com diversos cientistas 

 Os resumos deverão ser submetidos até 13 de Março de 2020 aqui.

O CESAM, juntamente com o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, colabora na prestação de serviços CCOPERMINHO, onde coordena uma investigação etnobiológica inédita no Rio Minho focada na lampreia marinha, Petromyzon marinus. Mais informação sobre este trabalho aqui.

A não perder ainda a estreia do documentário COOPERMINHO a decorrer no próximo dia 22 de janeiro às 15h na Universidade de Aveiro.