Foi lançada no Dia Mundial dos Oceanos uma nova e inovadora plataforma de partilha de conhecimento — a SeagrassRestorer — à qual têm agora acesso todos, desde cientistas a conservacionistas, passando por grupos comunitários e financiadores ambientais.
Ana Sousa, investigadora do CESAM e professora do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (Portugal), afirmou que “O lançamento da plataforma SeagrassRestorer marca um ponto de viragem para a comunidade global dedicada ao restauro de pradarias marinhas. Esta plataforma permite-nos partilhar lições aprendidas — incluindo os nossos fracassos — e aprender com outros que enfrentam desafios semelhantes, em condições ambientais e geográficas parecidas e/ou distintas.”
“Na Ria de Aveiro (Portugal), desde 2018, a nossa equipa tem testemunhado tanto o potencial como a complexidade do restauro de habitats de Zostera noltei e Zostera marina”, referiu Ana Sousa, ponto de contacto da SeagrassRestorer na Universidade de Aveiro, uma das entidades fundadoras da plataforma. “Esta iniciativa é um passo essencial no sentido de um restauro mais eficaz, baseada na ciência, que responda aos desafios e necessidades das comunidades costeiras, da biodiversidade e da resiliência climática.”
Alguns dos projetos de investigação e desenvolvimento sobre o restauro de pradarias marinhas, concluídos ou em curso na Universidade de Aveiro, incluem: BioPradaria (MAR2020/FEAMP), Remoliço (MAR2020/FEAMP), Remedrigrass (FCT/FEDER), SEAREST-BC, REWRITE (Horizonte Europa), LIFE SeagrassRiaWild (LIFE+), A-AAGORA (Horizonte Europa) e BLUE-REWET (FCT), nos quais têm sido (e continuarão a ser) testadas, otimizadas e ampliadas metodologias de restauração de pradarias marinhas.
Lançada por uma parceria internacional que integra alguns dos principais especialistas mundiais em pradarias marinhas, a plataforma SeagrassRestorer oferece uma oportunidade única para aprender não só com os sucessos de restauração, mas também — e talvez ainda mais importante — com os insucessos de cada projeto.
As pradarias marinhas têm sofrido perdas significativas a nível global. Em resposta, tem-se vindo a multiplicar o número de iniciativas que visam restaurar estes ecossistemas subaquáticos vitais, com projetos a decorrer em locais tão diversos como estuários temperados e lagoas tropicais. No entanto, restaurar pradarias marinhas não é tão simples como plantar árvores em terra. Embora alguns projetos tenham obtido resultados notáveis, a maioria dos cientistas concorda que muitos esforços de restauro não alcançam os objetivos inicialmente propostos.
A SeagrassRestorer promove uma colaboração e partilha de conhecimento sem precedentes no seio da comunidade internacional dedicada ao restauro de pradarias marinhas. Os utilizadores podem partilhar e aceder a informações sobre onde, quando e como os projetos foram realizados, e, essencialmente para quem planeia os seus próprios projetos, quais os métodos que funcionaram e quais os que não resultaram.
Esta plataforma representa um avanço crucial no domínio do restauro de pradarias marinhas. Preenche uma lacuna significativa ao disponibilizar um portal interativo, de acesso aberto e em constante atualização, que regista os detalhes de projetos de restauro em todo o mundo. Ao centralizar dados, promover a transparência e fomentar a colaboração, pretende acelerar os progressos no restauro de habitats marinhos e contribuir para a resiliência dos ecossistemas costeiros.
Os parceiros fundadores da SeagrassRestorer incluem: Project Seagrass, Universidade de Swansea, Universidade de Deakin, Universidade de Stellenbosch, Universidade de Groningen, Universidade do Algarve, Universidade Hassanudin, Universidade de Gotemburgo, Universidade de Dalhousie, CQ University e Universidade de Aveiro.